Kunquat: Pegarei minhas armas e destruirei as paredes que sismam em me cercar; e, caso não haja saída, usarei todos meus recursos e criarei uma.
Guto: E quem sabe o que há por trás destas paredes?
Kunquat: A vida é uma noite escura, ninguém sabe o que acontecerá ao dar mais um passo. Por isso que ela é interessante.
Guto: Se nós soubéssemos, que graça teria? Se não existissem as perguntas ninguém descobria as respostas que nos formam no presente. É o sentimento de incerteza que nos mantém alerta, ele que nos mantém vivos.
Kunquat: O mundo não existe para frente, apenas para trás. O que há em nossa frente é um mistério, uma incógnita devido ao escuro, ao borrão que se faz presente. O que há para trás é o iluminado, o caminho já traçado, o conhecido. O maior problema da vida é ficar parado, esta não é uma opção. Quando parados, nossa mente transita por estes dois lados, o escuro e o iluminado, ela mistura as cores, enlouquecendo o corpo e a psique. Nossa mente nos traí. Por isso não podemos parar, devemos sempre perguntar e traçar um novo caminho.
Guto: Ficar parado a beira de um passado de traumas é a receita para a loucura. O tempo nunca para, mas algumas pessoas param o tempo. Estas pessoas param de evoluir enquanto uns aproveitam para apagar antigas marcas, criando novos momentos, nem que sejam momentos que, quando unidos, criem uma nova maneira de viver. Estas que aproveitam o tempo redescobrem-se, vivem uma nova vida, novas ideias, descobrem um sorriso ao acordar toda manhã. Um sorriso de esperança de alguém que perdeu este sentimento há muito tempo.
Kunquat: Somos como uma Fênix, não importa quantas vezes tombemos, sempre renasceremos de nossas cinzas, de nossos traumas. Renasceremos mais fortes, com mais coragem, com mais determinação. Renascemos para re-enfrentar o mundo, para re-encontrar as belezas perdidas entre as nascentes caóticas e as paisagens bucólicas. Renascemos para voltar a sorrir, talvez em um ciclo individual, talvez em forma de um casal.
Guto: Nunca é tarde para darmos uma nova chance quando podemos aprender com os erros do passado. Não precisamos de um motivo para acordar toda manhã, mas precisamos saber que podemos encontrar um, um sonho ou um alguém. Sempre é tempo de recomeçar a busca por sua razão de vida, pelo que vai te fazer feliz. Não importa quanto tempo dure, pode ser entre dias quentes, semanas chuvosas, ou nas piores semanas do inverno, quando você se sente sozinho.
Saiba que não vai se arrepender de continuar lutando para criar sua nova história e contribuir para as histórias paralelas. Já que, mesmo não estando em um relacionamento, não estamos sozinhos, sempre podemos encontrar apoio para que continuemos todo dia com esta exaustiva tarefa de viver, guardando todas as memórias felizes que vivenciarmos. Junto, é claro, dos momentos tristes, pois a vida é como uma tempestade, sempre há um lindo nascer do sol após as trevas.
Kunquat: Por mais que erre os diálogos em cima do palco, por mais que a tempestade arranque parte de suas posses, o publico sempre aplaudirá, e a calmaria sempre aparecerá. Momentos turvos precedem a calmaria. Dor e agonia serão substituídos por amor e alegria.
Sempre estaremos aqui, renascendo das cinzas, quebrando as paredes, erguendo-se da loucura, esquecendo os traumas e esperando o sol nascer. Sempre teremos outra chance, talvez agora, talvez depois, mas não se esqueça, não fique parado, ainda há muito o que explorar.