Os céus cuspiam pedras de gelo e o vento em diferentes pressões começava a girar. O que seria tudo isso? O fim do mundo? Não sei.
Estávamos em Balneário Camboriú em meio a uma tempestade de tornados. Finalmente chegará o dia em que a natureza se vingava do ser humano. Quatro pessoas dividiam o apartamento de meus avôs, não tínhamos para onde correr, apenas torcer para que nenhum tornado nós atingisse. Sentados no chão ao lado da porta, ninguém queria levantar para ver o que acontecia ao longo da praia.
- Vamos morrer sem saber? Não quero isso. – Perguntei, encarando todos a minha volta.
Neste momento me levantei e fui até a janela checar o que acontecia. Admito que foi um erro, pois meu pavor apenas aumentou. Seis tornados, pessoas voando, sendo sugadas, prédios caindo, telhas voando, animais mortos pelo chão, pessoas sem partes do corpo, mas o que mais me apavorou, foi notar que um dos tornados mudará de direção, rumo onde estávamos. Andei até onde estavam meus amigos e me sentei.
- O que você viu lá?
- Um tornado vindo pra cá. – Eu não conseguia olhar nos olhos de ninguém.
Os olhos de todos foram para o chão, nós morreríamos. Me pergunto como deve ser morrer por um tornado, quais as chances de eu me chocar com o chão ainda vivo, ou ser acertado por alguma coisa, ou até mesmo ter meu corpo perfurado. Não tive tempo de concluir meu pensamento, pois o prédio começou a tremer.
O lustre balançava, as vigas de sustentação faziam barulhos e todos os objetos “andavam”. Não era obra de um tornado, mas de um terremoto. Ótimo, dois medos simultâneos. O prédio começou a balançar, para frente e para trás, uma coisa certa, morreríamos soterrados.
O prédio começou a se inclinar e com isso, todos os móveis também. Nós quatros fomos junto, mas deitados no chão por causa da forte inclinação. O mais preocupante era ver pela janela o prédio da frente chegando cada vez mais perto, não havia mais o que fazer, nossas vidas iniciariam outra jornada dentro de alguns segundos. Não havia com o que se preocupar, eu morreria junto com as pessoas que eu mais amava. Neste momento, algo interrompeu meus pensamentos.
Uma mão quente tocava no meu pulso, eu não conseguia ver seu rosto, mas sabia quem era pelo simples toque. Mas não foi isso que fizera eu me perder, foi o que esta pessoa disse. Eu não esperava escutar isso em um momento tão problemático. Três palavras me que fizeram ver que a morte não é tão ruim.
- Eu te amo.
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